"Fluxus não foi um momento na história ou um movimento artístico. É um modo de fazer coisas [...], uma forma de viver e morrer", com essas palavras o artista americano Dick Higgins (1938-1998) define o movimento, enfatizando seu principal traço.
Menos que um estilo, um conjunto de procedimentos, um grupo específico ou uma coleção de objetos, o movimento fluxus traduz uma atitude diante do mundo, do fazer artístico e da cultura que se manifesta nas mais diversas formas de arte: música, dança, teatro, artes visuais, poesia, vídeo, fotografia e outras.
Seu nascimento oficial está ligado ao Festival Internacional de Música Nova, em Wiesbaden, Alemanha, em 1962, e a George Maciunas (1931-1978), artista lituano radicado nos Estados Unidos, que batiza o movimento com uma palavra de origem latina, fluxu, que significa fluxo, movimento, escoamento.
O termo, originalmente criado para dar título a uma publicação de arte de vanguarda, passa a caracterizar uma série de performances organizadas por Maciunas na Europa, entre 1961 e 1963.
As músicas de John Cage e Nam June Paik, comprometidas com a exploração de sons e ruídos tirados do cotidiano, têm lugar central na definição da atitude artística do Fluxus. Trata-se de romper as barreiras entre arte e não arte, dirigindo a criação artística às coisas do mundo, seja à natureza, seja à realidade urbana, seja ao mundo da tecnologia.
O movimento unia diferentes linguagens às artes plásticas, sendo composto também por cineastas, músicos e atores. Seus integrantes procuravam inovar e ampliar as formas de expressão artísticas, utilizando suportes transitórios e/ou reprodutíveis, como happenings, performances, fotografias e instalações.
No Fluxus, Paik e Wolf Vostell foram os primeiros a usar o vídeo, criando a videoarte. Nas exposições do grupo, as obras tinham sempre um teor de provocação e crítica, com a presença de um humor extravagante. Como objetivo, seus participantes visavam uma revolução cultural, social e política através da arte. Em 1963, foi escrito um manifesto contendo frases como “destruam os museus de arte” ou “destruam a cultura séria”, entre outras polêmicas.
Mais tarde outros se associaram como Joseph Beuys, Dick Higgins, Gustav Metzger, Nam June Paik,Wolf Vostell e Yoko Ono.
As realizações do Fluxus justapõem não apenas objetos, mas também sons, movimentos e luzes num apelo simultâneo aos sentidos da visão, olfato, audição e tato. O espectador é convocado a participar dos espetáculos experimentais, em geral, descontínuos, sem foco definido, não-verbais e sem seqüência previamente estabelecida.
Em 1957, Cage define a direção das novas produções artísticas: "Para onde vamos a partir de agora? Em direção ao teatro. Essa arte, mais que a música, liga-se à natureza. Temos olhos, assim como ouvidos, e é nossa tarefa utilizá-los".
Fonte: Itaú cultural – www.itaucultura.org.br