Escrever a cidade : Charles Baudelaire, Georges Rodenbach, e Fernando Pessoa/Bernardo Soares

Abstract

Na literatura, várias cidades assumiram a condição de símbolos literários vinculados à escrita de autores significativos. Nas poéticas de Charles Baudelaire, Georges Rodenbach e Fernando Pessoa / Bernardo Soares, a cidade assume a condição de um universo simbólico, no qual as vivências mais profundas dos poetas encontram eco. Paris, Bruges e Lisboa são presenças permanentes nas obras destes três autores. Indo para além de meras descrições de cidades, geografias urbanas individuais vão com efeito emergir, verdadeiras formas de arte que acabam por tecer paisagens interiores bem singulares. As cidades que se lêem nas páginas de Le Spleen de Paris, Le Carillonneur e Livro do Desassossego confirmam-se como criações artísticas e tornam-se cidades literárias, reflexos de uma estética urbana particular. Pretendeu-se, assim, neste trabalho, através do estudo comparativo destas três obras e das poéticas por elas reveladas, detectar especificidades, semelhanças e diferenças no que à temática da cidade diz respeito.

In Literature, several cities have assumed the condition of literary symbols linked to the writing of meaningful writers. In the poetic works of Charles Baudelaire, Georges Rodenbach and Fernando Pessoa / Bernardo Soares, the city assumes the air of a symbolic universe in which echoes the poet’s deepest living experiences. Paris, Bruges and Lisbon are permanently present in each writer’s works. While exceeding simple description of cities, individual geographies indeed will emerge, true forms of art which end up weaving quite singular interior landscapes. The cities we read on the pages of Le Spleen de Paris, Le Carillonneur and Livro do Desassossego assume themselves as artistic creations becoming literary cities: the making of a unique urban aesthetics. It was intended in this work, through the comparative study of these three poetic works, to detect specificities, similarities and differences in the city thematic.

Dans la littérature, plusieurs villes ont assumé la condition de symboles littéraires liés à l’écriture d’auteurs significatifs. Dans les poétiques de Charles Baudelaire, Georges Rodenbach et Fernando Pessoa / Bernardo Soares, la ville détient la condition d’un univers symbolique, où les mémoires plus profondes des poètes trouvent leur écho. Paris, Bruges et Lisbonne sont des présences permanentes dans les oeuvres de ces trois écrivains. Tout en dépassant de simples descriptions de villes, des géographies individuelles vont en effet émerger, véritables formes d’art qui finissent par tisser de bien singuliers paysages intérieurs. Les villes qu’on lit dans les pages de Le Spleen de Paris, Le Carillonneur et Livro do Desassossego se confirment comme des créations artistiques et elles deviennent des villes littéraires, des reflets d’une esthétique urbaine particulière. On a voulu, ainsi, dans ce travail, par l’étude comparative de ces trois oeuvres et des poétiques qu’elles révèlent, détecter les spécificités, les similitudes et les différences en ce qui concerne la thématique de la ville.