Pólis vs. Oikos: a investigação do papel feminino no drama grego

Abstract

This work analyzes the consequences of the intersection between the two spheres polis and oikos. It does so by examining themes present in three plays: Medea, Agamemnon and Lysistrata. The focus of the analysis is the way in which the feminine characters react to conflicts of interests in their respective situations. To fully comprehend which values correspond to which mentioned institution, the work also necessarily investigates the socialization and functions of both genders in fifth-century Athenian society. The analysis of the feminine condition in the creation myth implies the importance of the misogynistic sense of that time, which culminated in the silencing, discrediting, and systemic repression of females. The role of women in society, instilled in all girls starting in early childhood, is to succeed in marriage and domestic permanence. This lies opposite the masculine role, which was focused outside of the family center and to environments relating to war and public life. Matrimony and family, traditional female values, were threatened when overlapping with male interests, such as unavoidable war or social ascension through a different matrimonial bond. Therefore, it is possible to affirm that the opposition evident in the definitions male vs. female indicates that, in certain contexts, the interests of each element cause the conflicts present in the chosen plays

Este trabalho tem como objetivo analisar o reflexo da intersecção das esferas pólis e oikos em três peças: Medeia, Agamêmnon e Lisístrata. O foco da análise se dá no modo com que as personagens femininas presentes nas peças reagem aos conflitos de interesses nos contextos em que estão inseridas. Para a completa compreensão de quais valores correspondem às dadas instituições investiga-se também a socialização de cada um dos gêneros e a função social deles dentro da sociedade ateniense do século V. A análise da condição feminina também no mito de criação mostra-se importante para o melhor entendimento da visão de mundo notadamente misógina que imperava na época, que culminava no silenciamento, descrédito e repressão das mulheres. A orientação feminina, incutida desde a infância, para o casamento e a habitação do interior da casa vai de encontro com a educação masculina, que é orientada para o exterior do núcleo familiar e para ambientes de caráter público ou bélico. O matrimônio e a família, valores primordiais femininos, eram ameaçados quando sobrepostos a valores masculinos, como a necessidade de guerra ou de ascensão social por meio de outro laço matrimonial. Conclui-se, portanto, que a oposição espaço exterior vs. espaço interior e gênero masculino vs. gênero feminino, observável na análise das peças, indica que, em determinados contextos, os interesses próprios de cada um dos elementos opõem-se completamente um ao outro, causando os conflitos presentes nas obras selecionadas