Sé de Salvador, Bahia, Brasil. Séc. XVII.

Abstract

A atual Sé de Salvador foi a antiga igreja do Colégio de Jesus dos padres jesuítas. A antiga Sé Primacial desde 1570 foi demolida em 1942. Esta construção, projeto do padre Belchior Pires, foi terminada em 1672 e a sacristia em 1694, seguidas pelo teto, em 1701, e pelos altares italianos da sacristia seis anos depois. O exterior tem a fachada dividida verticalmente em cinco tramos por pilastras dóricas revestidas com pedra de lioz. A fachada monumental tem elementos de diversas igrejas portuguesas, como a compartimentação rígida da Sé de Coimbra, as volutas de Santarém, a dupla ordem de pilastras colossais de São Roque de Lisboa, de Felipo Terzi, e, de ambas as igrejas portuguesas, os arremates das portadas em frontões retilíneos e curvos. São três as portadas: a central, mais alta, tendo no nicho a escultura de Santo Inácio; a da direita de São Francisco de Borja; e a da esquerda de São Francisco Xavier, todas de mármore (1746). A magnificência do templo salta aos olhos ao penetrar no imenso salão revestido de pedra de lioz com forro curvo de madeira ensamblada, tendo ao centro a representação gloriosa do sol da justiça divina o IHS. Este magnífico símbolo da Companhia de Jesus fica suspenso do forro, emoldurado por uma cruz poligonal de braços iguais dentro da qual há rolos de nuvens envolvendo cabeças de anjos e estrelas. Os raios retos e flamejantes encerram a abreviação do nome de Cristo em grego IHS – IHSOUS, em latim Jesus – com uma cruz aplicada sobre o “H” e três cravos abaixo. Na decoração interna deste que foi o então colégio jesuítico, encontram-se ainda alguns elementos do maneirismo no uso de motivos tradicionais renascentistas. O altar-mor construído entre 1665 e 1670 eleva-se em vários andares, ocupando toda a parede final de forma monumental. Nele trabalharam sete artífices portugueses, dentre os quais João Correia, Luís Manuel e Domingos Rodrigues, na feitura das dezoito colunas ricamente entalhadas. A pintura da abóbada é do pintor franco-chinês Charles Belville (Wei-Kia-Lou); e a pintura parietal de padre Eusébio de Matos.