Catedral de La Habana. Cuba. Séc. XVIII

Abstract

La Habana pertencia à diocese da cidade de Santiago (no ponto extremo da ilha) até 1789, quando foi nomeado como primeiro bispo José de Tres Palacios. La Habana, a capital, tinha uma igreja diocese na Plaza de Armas que fora demolida para dar lugar ao novo Palácio dos Governadores. Em 1767 o rei Carlos III expulsou os jesuítas das terras espanholas em todo o mundo e aquela igreja da Compañia, ainda não terminada, passou a ser do Oratório de San Felipe Neri (1773) e em seguida foi elevada a catedral. O primeiro bispo de La Habana a consagrou à Puríssima Conceição como a primeira catedral de Cuba. O templo passou por uma reformulação interna, ocasião aquela quando as cinzas de Cristóvão Colombo foram para a catedral de Santo Domingo, e posteriormente construísse um novo monumento funerário na catedral de Sevilha. A igreja de construção jesuítica (1742-1767) é de uma arquitetura culta e requintada. Seu interior tem possantes pilastras cruciformes ondulantes que atingem as alturas do entablamento. Este, segue a beleza das pilastras a percor todo o edifício em forma de cruz latina. O transepto do cruzeiro é formado por quatro arcos triunfais que nas alturas sustentam uma abóbada octogonal que pousa sobre quatro pendentes e toca os quatro arcos plenos. Um contraste estilístico é criado com soluções harmônicas: a abóbada estrelada tem o vocabulário gótico com arcos de lancetas dentro dos quais se dispõem frontões ressaltados curvilíneos barrocos, borrominicos. A ousadia dos jesuítas está porém na fachada retabular que se impõe na Plaza Ciénega, eclipsando as casas senhoriais do marquês de Arcos e dos condes da Casa de Boyana e de Águas Claras. O conjunto jesuítico harmoniza-se com as arcadas desta praça barroca, que sem dúvida pode ser elevada à categoria de jóia urbana, obra do arquiteto Pedro de Medina. Se olhar apenas para a igreja, a ondulação da fachada vibra tornando-a um repositório de soluções estilísticas somadas àquelas do barroco e do rococó. Nos extremos, a emoção barroca é contida pela robustez das duas torres desiguais na volumetria. Na portada e acima a sensibilidade aflora com a solução consciente da tremulação extrema que beira os frêmitos rococós. Os dois portais das entradas laterais são comedidos, mais baixos, prensados com seus frontões triangulares ressaltados e as volutas que emoldura o corpo superior da fachada. Acima, há uma sequência experimental de elementos barrocos como coruchéus, balaustradas e volutas planas com curvas. O corpo central é tomado de súbito por um jogo de velar as soluções das linhas, jogando-as ora em sombras, ora em brilhos excessivos. A planta côncava deste corpo central torna-se mais nítida apenas na parte superior do tramo central, onde se encontra o óculo poligonal mistilíneo, único no grande espaço liso que avança no coroamento. O entablamento entre os dois corpos é digno da complexidade de um pensamento à la Alejo Campentier: os movimentos de arpejos para o ensaio de um concerto barroco arranjam as pedras irregulares, incultas, que, arrancadas das orlas cubanas, bailam nas alturas sacras em um ritmo crioulo de rumba. Ao terminarem esta magnífica fachada, seus autores, os jesuítas, foram expulsos da América (1767) pelo rei Carlos III.