Produção e reprodução capitalista na indústria da reciclagem: uma análise do trabalho de catação de materiais recicláveis no interior paulista

Abstract

Bases on field trips to collect oral reports from pickers of recyclable materials in the cities of Araçatuba/SP and Marília/SP, the process of industrial recycling in São Paulo State countryside is analyzed, articulating it to the discussions about organization of production processes in Brazil, highlighting the gender based work division. The aim is, by analyzing how recycling is structured in contemporary capitalism, to emphasize the hidden exploitation of the workforce, especially women pickers of recyclable materials, drawing a link between the expansion of this labor activity and the political-economic and social transformations of the late twentieth century and early twenty-first century. As a hypothesis to this study, the growth of informality in production relationships is highlighted, triggering production growth of an overpopulation relative to the average need for workers employed for capital appreciation, the rescue of work associations and the use of the labor force of women as enhancing factors of capitalist exploitation, which articulately justify the process of expansion of pickers work in the country.

Com base em incursões a campo de coleta de relatos orais realizadas com trabalhadores catadores de materiais recicláveis nas cidades de Araçatuba/SP e Marília/SP, analisa-se o processo de reciclagem industrial no interior paulista, articulando-o às discussões sobre a organização dos processos produtivos no Brasil, destacando a divisão do trabalho entre os sexos. O objetivo desse estudo é, ao analisar como a reciclagem se estrutura no capitalismo contemporâneo, evidenciar a oculta exploração da força de trabalho, sobretudo da mulher catadora de materiais recicláveis, traçando uma relação entre a expansão dessa atividade laboral e as transformações político-econômicas e sociais do final do século XX e início do século XXI. Como hipótese, aponta-se o crescimento da informalidade nas relações de produção, desencadeando o crescimento da produção de uma população excedente em relação à necessidade média de trabalhadoras e trabalhadores ocupados para a valorização do capital, o resgate das associações de trabalho e a utilização da força de trabalho das mulheres como fatores intensificadores da exploração capitalista, que articuladamente fundamentam a expansão do trabalho de catação no país.