Análise das características socioeconômicas dos candidatos ao curso de Pedagogia da UNESP/UNIVESP comparado com os da UNESP

Abstract

A universidade pública brasileira é prerrogativa dos socialmente bem-nascidos? É o paraíso da classe média, o lugar onde, por excelência, suas práticas se desenvolvem, como muitos professam? A Unesp, tem a sua especificidade nesse contexto? Estas e outras questões sempre estiveram presentes nas discussões colegiadas da Unesp e na própria Vunesp. Não há dúvida de que a democratização do acesso ao ensino superior e o intento de torná-lo mais inclusivo constitui uma das principais preocupações das universidades públicas. Isso é explicável pelo reduzido percentual de vagas que as instituições federais e estaduais conseguem oferecer. As universidades públicas estão fazendo um esforço enorme para diminuir essa demanda, mas o desafio é imenso. O problema de vagas públicas para o ensino superior é crônico e exige políticas públicas complexas e articuladas entre as diversas secretarias de estado e as universidades. No entanto, a questão de formação de professores da educação básica em exercício, em especial da educação infantil e dos primeiros anos do ensino fundamental, apresenta-se como mais séria, considerando que sobre esses professores recai a formação de novas gerações. Esse trabalho promove análise sistemática do perfil socioeconômico dos candidatos ao Curso de Pedagogia da Unesp/Univesp, comparando-o com os demais candidatos aos cursos de Pedagogia da Unesp. Os dados revelam que docentes em exercício se apresentam com faixa etária superior, que concluíram a educação básica há mais anos que os demais candidatos e que possuem capital cultural inferior, diminuindo sobremaneira a sua competitividade em processos seletivos universais. Tais características por si só justificam políticas públicas específicas nas universidades públicas para formação de professores em exercício.