A aula como obra aberta

Abstract

Neste artigo ambiciona-se pensar uma experiência de Aula no Ensino Superior a partir do conceito de Obra Aberta, dado a ler pelo escritor italiano Umberto Eco. A partir dos anos 60 do século passado o fenômeno de interpretação da Obra de Arte passou a considerar o intérprete como sujeito que participa ativamente da construção “final” do objeto artístico. A pretende aqui apresentar a análise de uma experiência de Aula no Ensino Superior como Obra Aberta, ou seja, uma Aula que só pode ser totalizada por cada aluno a partir de sua participação/interpretação. Na experiência aqui relatada a perspectiva metodológica foi a da utilização de fragmentos de textos como disparadores de conversar. Neste contexto, entende-se por fragmentos de textos um conjunto de frases escritas que organizam uma unidade de pensamento completo (complexo) e que sejam estilizadas nos diversos gêneros: filosófico, ensaístico, literário, de tradição oral, dentre outros. A articulação de tais fragmentos de textos que tangenciam o conteúdo programático da Aula tem se mostrado uma importante metodologia para a fomentação de discussões profícuas entre professor e alunos. Outro fator relevante para a reflexão desta metodologia é a constatação do movimento intenso de produção de textos escritos por parte dos alunos a partir desta experiência, dando a pensar a potência pedagógica da narrativa fragmentada no âmbito do movimento de ensino/aprendizagem acadêmico e como tal movimento propicia uma experiência de Aula como Obra Aberta.