A dependência química como resultado da violência sexual sofrida na infância e na adolescência: análise de histórias de vida

Abstract

O presente estudo, de cunho narrativo, analisa e discute a história de vida de cinco pessoas a dependência química como resultante da violência sexual sofrida na infância e/ou na adolescência. Os sujeitos participantes deste trabalho são do gênero masculino e sofreram violência sexual neste período etário de vida. Suas idades variam de 23 a 39 anos, e todos estão internados numa Comunidade Terapêutica do interior de São Paulo para tratamento da dependência química, sendo atendidos pelo serviço de Psicologia. Eles atribuem que a violência sofrida favoreceu seu ingresso ao mundo das drogas. Os agressores eram pessoas do convívio social das vítimas, com exceção de um participante, que foi violentado por um desconhecido. Dois participantes são soropositivos ao HIV. Os participantes vêem a droga como um anestésico das dores da alma, pois aumenta a sensação de vazio, impotência, desvalia e desesperança. Embora os participantes tenham procurado auxílio para lidar com a dependência química, nota-se que durante toda a trajetória de vida a questão da violência sexual não foi abarcada. Observou-se que os sujeitos apresentam um estigma duplo na sociedade: a questão da dependência química e a orientação do desejo sexual. Os resultados encontrados salientam a necessidade de ações efetivas voltadas a incluir na sociedade efetivamente as vitimas da violência sexual e medidas preventivas eficazes para evitar que crianças e adolescentes sejam abusadas. Apontam ainda a importância da educação Sexual ser evidentemente tratada na formação dos profissionais de saúde e da educação.