Uso da microtomografia computadorizada na análise da lesão periapical em animais de pequeno porte: revisão sistemática da literatura e estudo in vivo

Abstract

Os objetivos do presente estudo foram: Publicação 1 - Realizar uma revisão sistemática sobre os parâmetros microtomográficos de aquisição, reconstrução e análise da lesão periapical (LP) em ratos e camundongos. Além disso, ilustrar o efeito da variação destes parâmetros (tamanho do voxel, beam hardening correction, smoothing, gray dataset, plano de orientação, região de interesse - ROI e threshold) em imagens microtomográficas de hemimandíbulas com LP induzida em molares inferiores de camundongos; e Publicação 2 - Avaliar a acurácia da microtomografia computadorizada (micro-CT) na análise de LP induzida em dentes de camundongos empregando como padrão ouro para comparação os valores obtidos por estereologia aplicada a dados histológicos. Na Publicação 1, foram pesquisados artigos que usaram a micro-CT para avaliar LP em ratos e camundongos de 2000 a janeiro de 2015 no PubMed. Para a ilustração dos efeitos da variação dos parâmetros de aquisição, reconstrução e análise da LP foram utilizadas mandíbulas de camundongos que tiveram LP induzida nos primeiros molares inferiores. Foram encontrados 21 artigos. Destes, 18 citaram algum parâmetro usado na aquisição, nenhum descreveu os parâmetros de reconstrução e 16 citaram alguns parâmetros de análise da LP. Nenhum artigo relatou o protocolo completo para aquisição, reconstrução e avaliação da LP. Nenhum artigo foi classificado como alta qualidade, 7 foram como moderada qualidade e 14 de baixa. A ilustração da variação dos parâmetros mostrou que o tamanho do voxel e os parâmetros de reconstrução podem interferir na nitidez da imagem. A orientação inadequada do plano altera o tamanho real da LP. Os ROIs não personalizados selecionam regiões além da LP e o personalizado seleciona apenas a lesão. O aumento dos valores do threshold aumenta a lesão. Concluiu-se que não há protocolo definido para a obtenção das imagens microtomográficas e análise da LP em ratos e camundongos, além dos parâmetros empregados não serem adequadamente explicados comprometendo a reprodutibilidade dos estudos. Na Publicação 2, a LP foi induzida nos primeiros molares inferiores de camundongos. Após 14 dias, os animais foram eutanasiados e as hemimandíbulas extraídas (n=28) e escaneadas em microtomógrafo. Para análise histológica da lesão periapical, as hemimandíbulas foram descalcificadas e submetidas ao processamento histotécnico. A área da lesão periapical da raiz distal dos molares foi mensurada em cortes histológicos empregando o programa Image J. A partir dos valores obtidos, foi calculado o volume da lesão periapical por meio do princípio de Cavalieri e, em seguida, foi aplicado o fator de correção ao volume obtido. Para calcular o volume de lesão periapical na micro-CT, as imagens microtomográficas no plano sagital foram anguladas seguindo a angulação das imagens obtidas nos cortes histológicos. O volume da lesão periapical foi mensurado empregando o programa CTAn (Skyscan). Todas as medidas foram realizadas por um avaliador previamente calibrado em dois momentos distintos. Os dados foram analisados por meio do teste t pareado e do coeficiente de correlação intraclasse (ICC) empregando nível de significância de 5%. Os resultados preliminares mostraram que não houve diferença estatisticamente significativa entre o volume da lesão periapical obtido por ambas as metodologias (p=0,642). O ICC (0,956) indicou alta concordância entre o volume da lesão periapical obtido histologicamente e por micro-CT. Com base nos resultados preliminares pode-se concluir que a micro-CT pode ser considerada uma metodologia precisa para a análise do volume da lesão periapical em camundongos.