Acúmulo de saberes e experiência formativa

Abstract

O presente trabalho consiste num estudo sobre as origens e os motivos da valorização atribuída atualmente ao acúmulo de saberes enquanto aquisição de informações de maneira rápida e superficial. Esta valorização vem sendo afirmada como condição necessária ao desenvolvimento do processo de formação, e as teses da sociedade do conhecimento têm sido sua maior expressão. Este discurso que se dissemina amplamente em meio à sociedade capitalista atual – aqui compreendida como sociedade administrada –, que possui o neoliberalismo como sua política econômica, tem sido muito bem recebido e ao mesmo tempo reproduzido amplamente pelas pessoas em práticas cotidianas e intelectuais. Diante desta constatação, abordamos os meios pelos quais o acúmulo de saberes se constitui em uma exigência e, ao mesmo tempo, em uma imposição social, influenciando negativamente a construção da experiência formativa dos indivíduos. Analisamos os dispositivos que se encontram instalados na sociedade como instrumentos para a formação, mas que, na realidade, negam a possibilidade de desenvolvimento da experiência formativa. Apresentamos ainda as possíveis contradições que podem conduzir à superação desta problemática permitindo atingir o contexto de uma formação em que o desenvolvimento da experiência constitua o cerne de um movimento de emancipação. Para os estudos procedemos, primeiramente, à análise do discurso neoliberal acerca da educação, situando neste a valorização do acúmulo de saberes e a defesa da qualidade da educação. Em seqüência, recorremos aos estudos dos filósofos Theodor W. Adorno e Max Horkheimer procurando investigar em que medida a valorização do acúmulo de saberes na sociedade administrada contribui para o fortalecimento da...

This paper consists of a study about the origins and the purposes of the great importance that, nowadays, is ascribed to knowledge accumulation understood as a fast and superficially information acquisition. This importance has been considered as a necessary condition to the development of the formation process, and the theses of the knowledge society have been the most noticeable expression of such importance. This discourse that is largely spread through the current capitalist society - here understood as administered society –, whose economic policy is the neoliberalism, has been well accepted and widely reproduced by the people in their intellectual and everyday practices. Faced with this observation, we aim to approach the ways through which the knowledge accumulation consists of a requirement and, at the same time, of a social imposition, negatively affecting the construction of the individuals formative experience. We analyze devices that are set up in the society as instruments for formation, but that, in reality, deny the possibility of a formative experience development. We even present the possible contradictions that may lead to the overcoming of this problematic and letting reach the situation of a formation in which the experience development may be the heart of an emancipation movement. For our studies, we first proceed to the analysis of the neoliberal discourse concerning the education, placing at it the great importance of the knowledge accumulation and the defense of the quality of education. Then, we turn to the researches of the philosophers Theodor W. Adorno and Max Horkheimer, aiming to investigate how the knowledge accumulation inside the administered society contributes to the strengthening of the semi-formation and to the negation of the main condition of social emancipation that is the formative experience