Teatro a vapor de Arthur Azevedo: um olhar satírico sobre o Rio de Janeiro do início do século XX

Abstract

Levando-se em conta a importância sócio-histórica e cultural para a consolidação da sociedade brasileira do período que abrange o final do século XIX e início do XX, atualmente encontramos algumas pesquisas cujo objeto é a produção teatral brasileira, principalmente aquela da época assinalada, uma vez que, segundo C. Braga (2003, p. 39), o espelho cênico é inevitavelmente atrelado à sociedade por ele refletida. A proposta deste trabalho é, por meio da descrição dos recursos cômicos utilizados por Arthur Azevedo (1855-1908) na construção dos minidramas de Teatro a Vapor (1977), correlacioná-los ao contexto da então capital federal, o Rio de Janeiro, e, assim, destacar a importância desses escritos no painel carioca do início da Primeira República. Para as pesquisas a respeito da comicidade e do riso, tomamos como referencial teórico os estudos de Vladimir Propp (1992). Procuramos inicialmente discorrer sobre os pontos da crítica teatral, que tratam do nosso comediógrafo, partindo daquela corrente na época, que desabonava a veia cômica e satírica de nossos escritores, até posturas mais recentes, que reavaliam a produção do período estudado. A seguir, após uma rápida explanação sobre a vida do autor e as transformações ocorridas, no Rio de Janeiro, com a instalação do novo regime - informações importantes para situarmos a obra estudada no contexto em que foi produzida -, enfocamos a natureza dramática de Teatro a Vapor, descrevendo a natureza das personagens nele encontradas, do espaço e tempo teatrais. A exposição sobre as teorias referentes à comicidade e ao riso embasa a descrição final.