A reincidência na drogadição a partir da visão do adicto

Abstract

Este estudo teve como objetivo examinar o fenômeno da reincidência na drogadição a partir da visão do adicto. O trabalho foi realizado em equipamento especializado no tratamento da dependência química e problemas relacionados ao uso de álcool e outras drogas, contando com a participação de onze sujeitos. O trabalho, dentro do referencial teórico psicanalítico, partiu da escuta da drogadição, com o enquadre das entrevistas preliminares dentro do referencial da clínica da urgência em psicanálise. Os resultados do trabalho de escuta e de reflexão apontaram a questão da reincidência como um falso problema para os sujeitos, já que estes demonstraram que a desintoxicação, concomitante à abstinência provocada pela internação, é somente um momento de privação do gozo propiciado pela droga, ao qual se segue, via de regra, um novo período de uso. A abstinência não significa que os sujeitos fazem uma renúncia correlata ao desejo da droga, é apenas uma parada provavelmente ligada à menor tolerância ao embate provocado pelo tipo de gozo em ação nos casos apresentados. A abstinência forçada, como estratégia presente nos tratamentos comuns da drogadição, mostrou-se de conseqüências altamente negativas para os efeitos obtidos pelos mesmos.

This survey is aimed at examining the drugaddiction reincidence phenomenon from the addict’s point of view. The survey was held at the Chemical Dependence Attention Center of the Healthcare Service Dr. Cândido Ferreira in the city of Campinas/SP, counting on the participation of eleven subjects. The survey, within the psychoanalytic theoretical allusion, started from listening to the addict, with the focus on the preliminary interviews within the reference on the clinics of urgency in psychoanalysis. The results of listening and consideration activities pinpointed to the reincidence issue as a fake problem to the subjects, whereas these have manifested that the unpoisoning, concomitant to the abstinence triggered by internment, is only a moment of bereavement of delight propitiated by the drug, to which a new period of use commonly follows. The abstinence does not mean that the subjects reciprocally resign the desire of the drug, but it is only a pause probably linked to the minor tolerance to the onset provoked by the type of delight in action on the presented cases. The compelled abstinence, as a current strategy on common drugaddiction treatments, has shown highly negative consequences for the effects obtained from them.