Igualdade de género : que caminhos no cargo de direcção das escolas?

Abstract

Na Europa, e particularmente em Portugal, a educação e o ensino têm sido as áreas em que se regista um número de mulheres significativamente maior do que os homens a desenvolverem os seus percursos profissionais. A este facto não será alheia a construção social e cultural dos papéis atribuídos aos homens e mulheres, associando-se a estas a responsabilidade de cuidar e educar dos filhos e a obrigação de se dedicar à organização da vida privada. Por outro lado, a realidade mostra-nos também que a presença maioritária das mulheres na educação não se tem traduzido numa correspondente proporcionalidade destas no cargo de direcção dos estabelecimentos de ensino. A que se deve esta falta de representatividade? Esta questão conduziu-nos a uma reflexão que proporcionou a elaboração desta dissertação no âmbito da administração e gestão educacional. O nosso estudo focaliza o percurso profissional de quatro Presidentes de Conselhos Directivos (dois homens e duas mulheres), três Directoras e três Directores no acesso ao cargo directivo e o discurso destas e destes protagonistas sobre conceitos e práticas inscritos no actual modelo de organização e gestão escolar, à luz do Decreto-Lei n.º 75/2008, de 22 de Abril, trazendo assim para a discussão a concepção de governo da escola pública subjacente a este diploma legal. A investigação, que incide na análise crítica dos discursos decorrentes de entrevistas semiestruturadas, assenta numa abordagem metodológica qualitativa, apontando para uma perspectiva compreensiva do fenómeno em questão. O nosso objectivo fundamental consiste em apreender os factores e interpretar os contextos que terão potenciado a assunção destas mulheres e destes homens à liderança das escolas, no sentido de detectar as razões que poderão condicionar a menor representatividade daquelas, esperando também dar algum contributo para a discussão sobre o valor da igualdade de oportunidades, em particular ao nível da paridade de género.

In Europe, and particularly in Portugal, education and teaching have been the areas which register a significantly higher number of women than men who develop their career paths. This fact is associated to the social and cultural construction of roles assigned to men and women, associating these with the responsibilities of caring for and educating their children and the obligation to engage in the organisation of private life. On the other hand, reality shows us that the majority presence of women in education has not resulted in a corresponding proportionality of women in charge of managing schools. What has caused this lack of representativity? This issue has led us to a reflection that has provided the basis for this dissertation in administration and educational management. Our study focuses on the career path of four Chairmen of the Governing Boards (two men and two women), three male Directors and three female Directors in a position of accessing managerial positions, and their discourse on the concepts and practices in the current model of school organisation and management in light of Decree-law 75/2008, of 22 April, thus bringing into the discussion the design of public school management that underlies this statute. The research, which addresses the critical analysis of discourses arising from semi-structured interviews, is based on a qualitative methodological approach, pointing to a perspective of understanding the phenomenon in question. Our fundamental purpose is to learn to interpret the factors and contexts that have boosted the taking of a lead role of these women and men in schools, in order to detect the reasons which may constrain a lesser degree of representation of women, but hoping also to give some contribution to the discussion on the value of equal opportunities, particularly in terms of gender parity.