A organização do cuidado em Saúde Mental na estratégia saúde da família

Abstract

The inclusion of mental health in primary care is an important strategy for the reorganization of assistance in the Brazilian public health system. The effectiveness of the Family Health Strategy (FHS), which features the territory as a space for the construction of autonomy, is presented as a model of care that enables the changes recommended by the Psychiatric Reform. This study aimed to map the daily care provided by professionals working in the FHS to persons with mental disorders, with the participation of nine professionals. We used the case study, the semi-structured interview and the flowchart. The collected material revealed three territories: the working field, the thinking about the working and the barriers/challenges. The results pointed to a care grounded in the hegemonic biomedical model, with a strong presence of medicalization. The subjects revealed feelings of impotence, anguish and unpreparedness for execution of mental health care, and emphasized the obstacles to the realization of bonds, co-participation and commitment. These results suggest a situation of weakness of autonomy of the agents, making the self-organization of care in the context of the FHS a difficult task to be accomplished.

A inserção do cuidado em saúde mental na atenção básica é estratégia importante para a reorganização da assistência nessa área. A efetivação da Estratégia Saúde da Família, que tem como característica o território como espaço de construção da autonomia, se apresenta como modelo de assistência que possibilita as transformações preconizadas pela Reforma Psiquiátrica. Esta pesquisa objetivou cartografar o cotidiano do cuidado prestado pelos profissionais atuantes na Estratégia Saúde da Família (ESF) ao portador de transtorno psíquico. Participaram nove profissionais atuantes na ESF, e foram utilizados o estudo de caso, a entrevista semiestruturada e o fluxograma. A partir do material coletado, emergiram três territórios: do fazer, do pensar o fazer e dos entraves/desafios. Os resultados apontaram para um cuidado embasado no modelo biomédico hegemônico, com forte presença da medicalização. Os sujeitos revelaram sentimentos ligados à impotência, à angústia e ao despreparo frente à execução de cuidados em saúde mental, enfatizaram os entraves para a efetivação do vínculo, da coparticipação e do comprometimento. Estes resultados sugerem uma situação de enfraquecimento da autonomia dos agentes, dificultando uma autoorganização da assistência no contexto da ESF.