Catedral de Quito. Equador. Séc. XVIII

Abstract

O primeiro bispo de Quito foi o capelão de Francisco Pizarro, dom García Díaz Arias que tomou posse em 1549. A primitiva catedral de adobe foi terminada em 1578, iniciadas modificações em 1626 com ampliações para o claustro e sacristia. Don Alonso de la Peña Montenegre governou a diocese por trinta e três anos quando ornou e ampliou a catedral com auxílio do franciscano Antonio Rodríguez, trabalho este concluído depois de 1686 quando não mais se disputava a compra dos terrenos fronteiriços, vendidos aos jesuítas. Assim o bispo auxiliar dom Sancho de Andrade y Fegueroa construiu o palácio arcebispal, colocou a primeira pedra do Sagrario e ornamentou a catedral com altares que em 1708 totalizavam vinte e três. Em 1755 a catedral e demais igrejas com suas torres foram arruinadas por um grande terremoto, e ela foi reconstruída em 1798. No ano seguinte foi construído o pórtico lateral e a bela escadaria semi circular que a liga à grande Plaza de Armas (Independência), fechada pelos palácios do governo com colunata neoclássica e o arcebispal com arcadas (na extremidade do edifício foi acrescida modificação eclética). Internamente possui três naves divididas com catorze pilares quadrados que sustentam arcos ogivais e um surpreendente teto mudéjar de madeira ensamblada. O arco triunfal, também ogival, acolhe o retábulo-mor semi-circular com a pintura da Assunção da Virgem. O cadeiral circunda a abside, que recebe intensa luz advinda da cúpula com lanternim embasada em um espaço hexagonal acima do telhado. Retábulos de lavras antigas ornam as capelas laterais que se interligam com sacristia e claustro por detrás do Sagrario. Em suas vetustas paredes há fragmentos de afrescos. As duas fachadas – catedral, mais elevada, e Sagrario, mais recuada – compartilham a torre terminada em 1931. A fachada retábulo do Sagrario é barroca (1706), proeminente na parede branca e se destaca pela coloração da pedra mais escura. Dois corpos com entablamentos duplos, sustentados por três pares de colunas lisas jônicas, sendo duas à frente e uma por detrás na parte inferior, e similares compósitas acima são arrematados por um coroamento de frontões truncados. Ao adentrar o Sagrário, a surpresa de uma das obras primas de Quito, o monumental para-vento – mampara - lavor provável de Bernardo Legarda. A belíssima porta de arco de meio ponto é ladeada por dois pares de colunas cônicas, divididas em três partes, com ornamentos ultrabarrocos, churriguerescos, pintados em vermelho e dourado, o melhor da escola quitenha. Entre elas, levadas por um delírio genial de criação, duas estípedes impulsionadas por recortes de figuras angelicais, curvas e contracurvas sem mesuras, deixam o olhar do fiel entrever o ambiente sagrado a ser revelado. Ao admirar desde o interior, o fiel é levado ao êxtase visual ante a complexidade ornamental dos entablamentos sobre os quais se encontram anjos adoradores no nicho superior junto à custódia. Rival desta obra prima, apenas na igreja da Compañia, no lado oposto da rua. A planta baixa é cruciforme, grega, coroada por cúpula que tem um tambor com oito óculos, decorada com estrias entre as quais estão pintados anjos e santos, obra do pintor Francisco Albán. Os altares das capelas acompanham essa ornamentação barroca do para-vento; são obras de Bernardo Legarta (Navarro, 2006, p.159).