Quito, Equador. Séc. XVI.

Abstract

Quito, antiga cidade inca, ao norte do Império Tahuantinsuyo, foi tomada pelos espanhóis em 1534, estando à frente Pedro de Alvarado, auxiliado por Sebastián de Benalcázar. A cidade sagrada dos incas, junto ao vulcão Pechincha, foi então incendiada para que os conquistadores nada encontrassem do vestígio daquela cidade planificada em forma de jaguar (onça-pintada), segundo a tradição. Esta cidade sobreposta teve destino similar a da Cidade do México sobre pirâmides e de Cusco, onde os templos, serviram de base para as construções espanholas. Assim, o templo franciscano ocultou o palácio de Huaya Cápac, na Plaza Grande, o palácio de seu irmão Atahualpa, na Aclla Huasi – o templo das escolhidas – construiu-se o monastério das freiras catalinas. A nova cidade foi rebatizada San Francisco de Quito (1556). O terreno plano escasso permitiu que a cidade de traçado regular comprimisse em seu urbanismo um número impressionante de construções religiosas – aproximadamente quarenta – o que lhe valeu o nome de Relicário das Artes das Américas. A Plaza Mayor (atual Independência) é cercada pelo Palácio do Governo, disposto em um terreno com aclive, pouco mais abaixo a praça ajardinada fechada pela lateral da catedral, com uma portal e escadaria compondo o cenário urbano e na lateral oposta o grandioso palácio episcopal, em parte transformado em hotel. A via (Garcia Moreno) defronte aoo palácio e da entrada principal da catedral é um verdadeiro cenário barroco com a fachada do Sagrário, recuada, e da catedral, mais elevada. O antigo colégio dos jesuítas, de requintada fachada e portada monumental, forma uma perspectiva digna do mais culto urbanismo. Pouco recuada, no final da via, a fachada barroca da igreja da Compañia completa o cenário. Adiante a surpresa maior está sem dúvida na Plaza de San Francisco. A imponente construção acima da praça levemente, em aclive, engrandece este espaço urbano com suas obras de arte – a fachada retábulo da igreja conventual e a escadaria em círculos concêntricos convidando os fiéis a entrarem naquele templo de arte e fé. Da calçada do promontório do convento, segue-se para um novo espaço da praça do mosteiro de Santo Domingo. Novamente o declive nos proporciona uma perspectiva privilegiada pela amplitude e o domínio de todo o conjunto horizontalizado pelo imenso telhado e recortado pelas torres. No caminho entre vias mais estreitas, os monastérios de freiras, desfilam suas fachadas com paredes e torreões de observação para as reclusas. O conjunto dos agostinianos teve menor sorte, com pequena plazuela para sua fachada. Nas faldas dos morros, as vias, aos poucos, tomam outro ritmo, que não o ortogonal, surgindo outro urbanismo, com construções tão belas quantas aquelas elaboradas daquele centro histórico, aclamado pela Unesco em 1978, reconhecendo a importância da escola de artes quitenhas do período colonial.