Mosteiro de Santa Clara, Antigua. Guatemala. Séc. XVIII

Abstract

O convento das clarissas em Antigua foi planejado depois do terremoto São Miguel (1717), sob o desenho do arquiteto antiquenho Diego de Porres. Em 1734 ainda estava incompleto e quando terminado, ruiu em 1773 com o terremoto Santa Marta. O conjunto é impressionante. Altos muros fecham toda a praça São Pedro para a qual havia a entrada para a igreja monástica guarnecida por pilastras abalaustradas. Entrando a partir do meio da nave única, os arcos guardavam os altares e a partir do entablamento erguiam-se os arcos sustentando quatro abóbadas cupulares além daquela que se pode ainda admirar sobre o coro. Um corredor ao longo dos quatro tramos da nave leva até a sacristia. A fachada interna, que se pode admirar desde a entrada pela portaria na parte anterior da igreja e que fora certamente projetada para fazer parte da praça fronteiriça, é obra singular salva devido suas paredes espessas. De três tramos, dois corpos e frontão pouco menor, destacam-se as pilastras balaustradas duplas que fecham os quatro nichos com arcos invertidos. No tramo central há uma grande envasadura octogonal emoldurada por um arco de meio ponto e outra envasadura poligonal ladeada por frisos, ambas para entrada de luz para os coros alto e baixo. Os ornamentos florais em estuque são refinadas expressões deste encontro de culturas expressa nesta fachada: as pilastras balaustradas criadas por Diego de Porres cujas pesquisas apontam ser do tratadista Serlio, são a contribuição europeia, as partes planas com ornamentos mouriscos, lembram o mundo árabe e os anjos barrocos executados pelos mestiços a partir da iconografia romana cristã, o sincretismo artístico e religioso. As acomodações das reclusas eram amplas, com um claustro maior, dois pátios internos e um jardim com loggias. O programa continua com a cozinha, refeitório, oficinas e cárcere para freiras dementes. Uma fonte com duas bacias estava no centro do claustro maior, outra em azulejos foi transportada para o Palácio dos Governadores. Ao se admirar a paisagem circundante por sobre as arcadas robustas dos claustros, avista-se o imenso convento franciscano, a floresta e os vulcões responsáveis pela tragédia da cidade que teve que ser abandonada (Berdúo, 2007, p. 88).