Igreja de São Francisco de Paula. Goiás

Abstract

As pinturas em caixotões. Estas pinturas em caixotões na igreja de São Francisco de Paula em Goiás, são atribuídas a André Antônio da Conceição, datada de 1869 segundo Neiva Coelho. O forro é gamelado com tábuas corridas e trava central. As molduras geométricas dos retângulos são suavizadas por linhas curvas a formar círculos com girassóis ao centro. As molduras delimitam nove cenas da vida do santo e as “visões” tem cercaduras rococós de grande evolução de linhas. As cercaduras são assimétricas com cores cortadas em tonalidades rosa e verdes esmaecidos confirmados sempre com linhas brancas a dar profundidade. A cena central é o milagre do são Francisco de Paula que diante da negativa dos barqueiros transportarem o magro frade até Messina, ele estendeu seu manto a formar um barco e atravessou o mar. Em rica cena descritiva do local onde o santo construía seu convento, a paisagem é aberta e profunda com três personagens. A cena explicita a vida sacrificada do santo que é conhecido pelo seu jejum com peixe, verdura, pão e água. À esquerda, o convento ao centro o santo com peixes e ruínas à direita. As cercaduras rococós são inventivas mesmo que executadas em tempos quando esta expressão pictórica passara de seu tempo áureo. Na realidade esta ornamentação foi comum em igrejas singelas arquitetonicamente mas ricamente pintadas em seus forros com caixotões. Esta tradição durou séculos – dos anos 1580 a 1700 - e foi executada com grande maestria em Portugal passando a tradição para o Nordeste brasileiro. Com a riqueza do ouro de Minas Gerais, as igrejas ganharam forros de tábuas corridas e sobre elas foram executadas as pinturas em quadratura como se vê na igreja N. Sra. da Abadia.